quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

"Os Improváveis"

Acabava de fazer um cálculo para confirmar uma conta do computador, embora nem fosse perfeccionista, gostava de levar um trabalho importante pra frente só com certeza de ter feito corretamente. O telefone toca, atendo enquanto levo o cd ao computador para gravar o trabalho, era Duda, dizendo-me da reunião da banda que seria lá em casa, na qual ela diria que estava dando o fora, e se eu não podia trazer um vinho para tomarmos depois que ela estivesse arrasada. Era curiosa a relação emocional que ela tinha com tudo aquilo, depositara muito de si naquelas letras angustiadas de adolescente sabida. O curioso era que agora não se sentia mais assim. Queria ser aquela garota até o fim, mas querer ser aquela garota já era um esforço que descaracterizava o mérito. Precisava dizer-lhes isso. Na cara. Como aquela garota faria caso crescesse. Não sabia ao certo o que dizer. Sabia que se machucaria e depois ficaria arrasada. Sabia que era inevitável. Os amigos da banda, na verdade apenas próximos como bons amigos deveriam ser, eram os dois rapazes esquisitos e as duas meninas bonitas. Chamavam-se “Os Improváveis”. Ela gostava muito do que chamava de influência sombria do som de Seatle, referindo-se ao som do nirvana misturado com o do Jimi Hendrix, mas que parecia mesmo com um Joy Division mais pesado. Assim que o back up é feito, levanto da minha mesa de trabalho, desço o prédio, ando na rua mais movimentada daquela cidade frenética, nem me reconhecia mais, entro na primeira loja e compro o vinho mais caro que a minha carteira podia comprar.
Já podia sentir seus olhos tristes abaixando enquanto confessava dores insuspeitas para mim, não queria ser abraçada enquanto dissesse, ela dizia que aquilo a continha e que era importante que a correnteza seguisse seu fluxo mais de descontrole que de razão. Expulsava tudo que a incomodasse, aquilo às vezes era uma sinceridade algo desconcertante. Mas acostumara-me à verdade desde cedo. Ela sentia uma espécie de culpa por não mais se sentir sincera com eles da banda. Dizia-me que algo nela mudara, embora não conseguisse ainda determinar, e aquilo que acabara de crescer, ou diminuir nela, agora era incompatível. Sentia-se, na verdade, mais improvável que nunca, era quase impossível.

domingo, 23 de dezembro de 2007

skip james, luther king, cartola, xangô, zeus, bakunin, papai noel e deus

Curioso ficar velho. Mais um ano passando. Algumas mudanças costumam ser tão belas e espontâneas que é uma covardia que as dividamos e organizemos em anos, emblemas diluídos de uma civilização não sadia, estandartes desarrumados por um vento sudeste. Dividimos nossa vivência tão rica de momentos sutis, e breves como respiração de bebê, em anos, moldes gastos que já não servem para dar forma a expectativas próprias de uma idade intermediária. “em 87 conheci Fábio”, “em 98 comecei a trabalhar”.

Uma mudança, dessas bem sutis e profundas, me ocorreu hoje. Permitam-me contá-la.

Passei a ouvir blues há duas semanas. Baixei uns cd’s pra ver qual era. Mas tive o cuidado e curiosidade de procurar pela origem, de onde surgiu, esse tipo de coisa. Pensei comigo: “já que não conheço, deixe-me trilhar meus próprios passos de reconhecimento”. Acabei tendo acesso a obras de dois grandes gênios desse estilo musical: Robert Johnson e Skip James. O primeiro ganhou notoriedade por, além de ser um exímio músico e compor belíssimas, mesmo, canções, por que teria vendido, numa das encruzilhadas paupérrimas do sul dos eua, sua alma ao diabo. Sim, a velha história do pacto. Não vou dizer que não acho interessante toda essa tragicidade em associar a criatividade com uma força destruidora. Nos nossos dias, devo admitir, meu maior ídolo de juventude foi Kurt Cobain. Mas enfim, o que quero dizer não é isso. O outro camarada, o Skip James, trabalhou naquelas porras parecidas com plantation, aquelas grandes plantações de algodão. Teve uma vida fudida, no sentido mais fudido do termo. E o cara cantava sobre deus de uma forma linda demais, triste demais, blues afinal de contas. Acho que lançou seu disco, olha, não sei ao certo a trajetória do cara, mas acho que no final de 1928. Logo depois, desgraça pouca é bobagem, os eua e o mundo são abalados pela Grande Crise de 1929. A maneira de Skip cantar prende na hora, você escuta e para de fazer o que tiver fazendo.

Mas me demorei demais tendo ainda muito o que dizer e já com o medo de soar cansativo.

Era sobre mudanças profundas que estava dizendo e é sobre elas que continuarei, paradoxalmente.

Tivemos um papo hoje, eu, Fábio, xandinha e juli. Estávamos falando sobre a resistência dos negros à segregação racial severa que existe nos eua, e que ainda era inimaginavelmente pior no começo e meio do século àquele ao qual pertencemos. Falamos sobre a proximidade da mitologia grega com a religião chamada afro – não tenho nada contra o termo macumba, só pra registrar. Sobre a possibilidade de existir alguma coisa dessas que chamam de superior. Saca o que quero dizer?

Eu pensei por um momento tão breve na associação do Skip James com aquele papo. Se tivesse sido o Skip James o cara a fazer sucesso lá nos longínquos 1928, o blues seria hoje, muito provavelmente, uma música cristã. Ou em outra palavras menos deterministas, uma música sem esse rótulo de música do cão que eventualmente vem à tona. O sucesso do Robert Johnson foi uma bifurcação que por acaso aquela música passou.

Mas todo texto que se preze deve ser escrito para passar uma idéia de algo. Acho que já disse tudo que tinha a dizer de modo que quem não entendeu até agora não precisa nem continuar. Essa idéia que não devemos escrever algo até que já esteja claro o queremos dizer é tão privativa de sentimentos como o fato de querermos e aceitarmos dividir nossas vidas em anos.

Pois as mudanças, essas continuam anárquicas como o próprio bakunin.

E a mudança que queria confessar, espero que os que me conheçam possam ter entendido.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Personality Disorder Test

Paranoid: Very High
Schizoid: High
Schizotypal: High
Antisocial: Moderate
Borderline: Low
Histrionic: Low
Narcissistic: Moderate
Avoidant: Moderate
Dependent: High
Obsessive-Compulsive: High


como diria o lobão: é isso aí!

aqui

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

o futuro é vortéx...caeiro e giga ainda serão presos...

half caeiro - tem uma galera que vive de madrugada, né?

| un logic - ?

half caeiro - até a galera que trabalha fica até essa hora na internet

| un logic | - eh

half caeiro - cara, isso é assustador. parte dessa galera vai mandar na gente amanhã. e isso não vai ser nada bom. o primeiro presidente da década de 2050 vai ser um recém adulto, fenômeno no msn...o cara vai ser eleito sem passar na tv...sem sair nos jornais...sem dar entrevistas ou participar de debates

un logic - caralho.

half caeiro - o cara vai fazer o que quiser

un logic - essa foi bizarra.

half caeiro - faz sentido ou não? é impossível de acontecer no brasil?

un logic - é possível...pior que é possível...

half caeiro - pior que possível, é provável... seria alguém exatamente como o bush, frio como uma navalha, inteligente como um caçador na selva, ligeiramente desprivilegiado intelectualmente e extremamente perigoso... um pivete com um treszoitão.

pretérito mais que perfeito

Ela posicionou-se entre o sofá e a grande almofada vermelha, a única coisa que levou pra casa da Cristina, esticou as pernas, com aquele roupão azulado de florzinhas prateadas, e em uma fração de segundos a música começa. Era em cd, ela programou para tocar as grandes participações que Coltrane fizera ainda como sideman. Com Duke, Monk, Milles Davis. Cristina importa-se um pouco. Tem um peculiaríssimo gosto. Gosta de Pink Floyd mas não suporta rock progressivo; o mesmo com o Clash, não suporta punk.

-sabe que acabei pegando essa mania dele
-de ouvir velharia?
-porra, tu é péssima.
-não diga.
-cara, esse som é muito adiantado pro tempo deles. O que essa rapaziada fez foi na década de 50, bem no comecinho.
-puta que pariu...pára...tá foda. Seguinte: liga pro cara. Vai tomar no cú.

Ela percebe por bem pouco uma falta de argumento, franze as sobrancelhas levemente, olha para os lados apenas com as retinas, caracteristicamente, e é salva por um fraseado de Monk em “Sweet & Lovely” que toca àquele instante. Esquece o que ia dizendo, deixando seu oponente sem ação.
A cabeça pende no braço do sofá, braços estirados, fecha os olhos, compenetradíssima, lembra naquele instante o quanto ficou admirada por saber que ele ouvia aqueles jazzes que o pai ouvia. Só agora entendera a grande influência freudiana do caralho o pai deixou em sua cabeça. Rí canto de boca. Pensa que, de verdade, todas aquelas vezes que o pai ouvia aquelas músicas, que pra ela eram chatas, estavam sendo enfim úteis. Pensa com bastante esforço na primeira impressão que teve quando o viu: o jeito de andar. Pergunta-se pela primeira vez se reconhecia a maneira do pai andar. Faz que não com a cabeça como se para ter a certeza da resposta. Acha que é a mesma maneira. Fica chateada de alguma maneira. Era como se admitisse a muito custo uma verdade incontestável.

-quer chá?

Cristina pergunta com alguma boa intenção, interrompendo o fluxo de pensamentos que Duda já aprendia a gostar.
Duda pensa que na primeira oportunidade vai mudar-se pra casa da mãe novamente. Lá pelo menos as portas fechavam e as suas imagens representavam “não perturbe”.

sábado, 15 de dezembro de 2007

é preciso imaginar sísifo feliz...

"Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim, sem dono, não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz."

Albert Camus, O míto de Sísifo

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

É Assim Que Me Querem

o ira! é (era) uma das bandas mais bacanas na safra lá dos 80. conta com um guitarrista com uma técnica única (scandurra), acho que é o único guitarrista que consigo identificar tocando qualquer coisa. tem uma cozinha competente, com um ótimo baixista e batera. e tem um vocal que, embora não seja tudo isso e termos de técnica, tem uma personalidade e caráter próprios.
acabou a banda, uma grande pena.
eles têm uma particularíssima influência do clash, dos pistols, mas, acima de tudo dos jams.
essa letra é uma das minhas preferidas.



Estou sonhando de olhos abertos
Estou fugindo da realidade
Todas as cervejas já bebi
Todos os baseados já fumei
O que há de errado no mundo
Meus olhos já não podem ver
Eu estou do jeito certo
Pra qualquer compromisso assumir

É assim que me querem
Sem que possa pensar
Sem que possa lutar
Por um ideal
É assim que me querem
Ao ver na TV todo o sangue jorrar
E ainda aprovar
A pena capital
A pena capital

É assim que me querem
É assim que me querem

E me vendem essa droga
E me proibem essa droga
Para os desavisados poderem pensar que o governo combate
Invadindo a favela
Empunhando fuzis
Juntando dinheiro corrupto para a platina no nariz

É assim que me querem

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

isso é apenas nosso mundo cão.

"Os americanos estão sempre tentando fazer a coisa certa após terem tentado todas as outras alternativas."

(Winston Churchill, político inglês)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Olá

Quem é vivo sempre aparece...tenho andado distraído com coisas sem importância...rss
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Gigante, pra minha sorte, no meu trabalho não tem nenhuma funcionária francesa. Sorte mesmo, pois sou meio antipático com a França: não gosto da música, não gosto do futebol, não gosto das mulheres, não gosto de champagne, enfim...eles não tomam muito banho, e como diria Veríssimo, não acho certo levar a sério um país com mais de 360 tipos de queijo.

Mas do novo emprego tenho uma história engraçada, não de franceses, mas de um chileno. Num restaurante caro do centro do Rio, o cara coloca a comida no prato cheio de medo. Olha isso, olha aquilo, pergunta se tem pimenta...no final o prato é só arroz, batata-frita, ovo cozido e frango. Quando o garçon pergunta se quer bebida, responde "Coca-cola" com o alívio de enfim ter algo de sabor já conhecido. Na hora de pagar, fica surpreso ao conhecer a expressão "comida a quilo".

Mas antes de ir embora, sai uma pergunta em tom de desabafo: "Que porcaria é essa de mama papaia?"

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

continuação de nada

Aproximamos o nosso colchão das caixas de som, no canto esquerdo da sala, gostávamos de sentir a vibração sonora quando estávamos chapados. Ela reclamava da minha falta de interesse em melhorar de vida antes. Agora, aproveitava cada centímetro daquele cômodo pequeno, pago com alguma facilidade. Tivemos o azar de ter uma igreja construída num cubículo, próximo à nossa casa. E os cultos, ou seja lá como chamam aquilo, sempre coincidiam com a nossa entrega às substâncias vadias. De modo que, querendo ou não, compartilhávamos da ladainha e das músicas. E aquele som limitado, técnica e humanamente, nos incomodava profundamente. Mas incomodava muito mais à Duda, música aspirante, que não suportava aquela guitarra desafinada tão insistentemente tocada. Eu sabia, cá comigo, que cedo ou tarde, alguma a Duda aprontaria. Numa vez decidiu fumar um baseado na janela de casa, tive que ir correndo fechá-la. Noutra, muito mais engraçada, estávamos saindo de casa, não agüentávamos mais tanta falta de recursos musicais e, é claro, talento e semancol, ela entra no cubículo, cumprimenta a todos os presentes, vai até o rapaz da guitarra:

-posso?

Estendendo a mão para a guitarra, pedindo-a. O rapaz olha pra ela, sei lá o que passou na cabeça do cara, olha em volta, para o pastor, para a menina que, acredito, era apaixonado, e passa a guitarra para ela. Ela, com poucos toques nas cordas, afina o instrumento e, para se certificar da afinação, toca a introdução de “Given to Fly”, do Pearl Jam.

-pronto! Tá afinada...

Entrega a guitarra para o rapaz, que a pega meio constrangido. Duda, muito séria, sai da igreja, fazendo um sinal para que eu a seguisse, passa por todos, repete a cumprimenta, e já na saída, se desmancha de rir. Eu atônito ainda, mal podendo acreditar no que acabara de ver.
Um dos membros da igreja vem atrás de nós e repete o gasto jargão, supostamente sedutor, de todo crente: “deus tem um plano em sua vida”. Duda responde, muito calma e educada:

-tudo bem, mas que eu não reclamaria nem um pouco se ele tivesse um plano para vocês afinarem a porra da guitarra quando fossem tocá-la.


O cara arregala os olhos, dá as costas e entra na igreja cubículo novamente.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

simão do deserto

Simão, que vive em um tempo distante, onde a Igreja ainda é uma novidade, alguns 300 anos depois de Cristo, decide retirar-se da presença dos homens para se aproximar de deus. Logo, é considerado homem santo, destacado. Tendo, inclusive, sido ordenado como membro desta igreja. Mas à medida que luta contra sua própria limitação física, satanás decide tentá-lo. Disfarça-se de uma linda e juvenil mulher primeiro, de deus num segundo, até que na terceira e derradeira tentação, satanás o leva a um nigth club da década de 60. Onde ouve-se uma música parecida com jazz tocada por uma banda parecida com os Beatles. Os jovens dançam freneticamente, movimentos rápidos, e Simão observa a tudo sentado em uma mesa, com bebidas servidas, ao lado de uma bela mulher. Pergunta-a qual o nome daquela dança. “carne radioativa”, ela responde, “é a última dança. A dança final.” No que ele ameaça partir e ela o impede dizendo: “Terás que agüentar até o fim”.Em seguida indo pra pista e começando a dançar.

de bunuel, 1965.

domingo, 25 de novembro de 2007

Trecho pra refletir da peça "Gota d'água"

CREONTE
Esperem um pouco
Eu preciso de alguém pra refletir comigo se eu estou caduco, louco,
ou o mundo está ficando esquisito...
Fazem baderna, chiam, quebram trem, quebram estação, muito bem, bonito
E a gente inda tem que dizer amém
O trem atrasa o que? Nem meia hora
E o cara quebra tudo... Acha que é certo,
Jasão?...
JASÃO
Não discuto quebrar... Agora, quem às três da manhã tá de olho aberto,
se espreme pra chegar no emprego às sete, lá passa o dia todo, volta às onze
da noite pra acordar a canivete de novo às três, tinha que ser de bronze
pra fazer isso sempre, todo dia, levando na marmita arroz, feijão
e humilhação...
CREONTE
Ora, sociologia...
JASÃO
O que que é?...
CREONTE
Sociologia, Jasão...
JASÃO
Não...
CREONTE
Da pior, beira de cu, barata...
JASÃO
O cara já tá por aqui. Tá perto
de explodir, um trem que atrasa, ele mata,
quebra mesmo, é a gota d’água.
CREONTE
Tá certo,
Alma? (Silêncio) Muito bem. Na segunda guerra,só russo, morreram vinte milhões.
Americano, pra ganhar mais terra,foi dois séculos capando os culhõesde índio.
Japonês gritava “Viva o Imperador”, entrava no avião
pra matar e morrer de fronte altiva.
Na Inglaterra. uma pobre criatura de oito anos, há dois séculos atrás
já trabalhava na manufatura o dia inteiro, até não poder mais,
quatorze, quinze horas... Posso dar quantos exemplos você quiser. Foi assim
que os povos todos construíram tantos bens, indústria, estrada, progresso, enfim
Mas brasileiro não quer cooperar com nada, é anárquico, é negligente
E uma nação não pode prospera enquanto um povo fica impaciente
só porque uma merda de trem atrasa
JASÃO
Impaciente pra chegar até
seu trabalho...
CREONTE
Não, pra voltar pra casa
Quer outro exemplo, hein?...
JASÃO
Eu não sei onde é
que o senhor quer chegar...
CREONTE
Eu chego, eu sei...
Vou lhe dizer o que é que é o brasileiro
alma de marginal, fora-da-lei,
à beira-mar deitado, biscateiro,
malandro incurável, folgado paca
vê uma placa assim: “não cuspa no chão”,
BRASILEIRO PEGA E COSPE NA PLACA
Isso é que é brasileiro, seu Jasão. .
JASÃO
Não, ele não é isso, seu Creonte
O que tem aí de pedra e cimento,
estrada de asfalto, automóvel, ponte,
viaduto, prédio de apartamento, foi ele quem fez, ficando co’a sobra
E enquanto fazia, estava calado,
paciente. Agora, quando ele cobra
é porque já está mais do que esfolado
de tanto esperar o trem. Que não vem...
Brasileiro...

sábado, 17 de novembro de 2007

Balzac e a costureirinha...

na China pós-revolução de 59, dois jovens da capital são mandados para o interior para reeducação revolucionária. na prática equivale a dizer que estavam aburgueisados demais e precisavam ser reeducados. No dia dia extenuante de trabalho camponês, eles conhecem uma jovem neta do único alfaiate da região. Neste interior bucólico, camponeses não sabem ler e são vigiados por um "chefe tribal" que deve coibir qualquer tentava de invasão cultural. Juntos, descobrem um verdadeiro tesouro; uma arca com livros ocidentais proibidos em seu país. Balzac, Dostoievski, Flaubert, entre outros. Aos poucos, os três desenvolvem uma relação de amizade que é alimentada pelas leituras, sempre escondida, dos clássicos da literatura ocidental. O local onde escondem os livros, uma gruta, chamavam-na de Gruta dos Livros. A menina, muda não só o modo de agir, como também o próprio sotaque e maneira de vestir. Aos poucos, grandes e verdadeiras mudanças vão ocorrendo na aldeia no topo de uma cadeia de montanhas.
filme para quem gostou muito do "primavera, verão, outono, inverno...primavera".
o maior elogio cinematográfico que já ví à literatura.
imperdível.
aqui.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Paulo coelho, um verdadeiro forrest gump

Variações de um mesmo tema sem sair do tom:

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E por fim:

Psicodália

Trechos do documentário sobre o Psicodália. Tô contando as horas!



http://br.youtube.com/watch?v=RVCf4aU0QMQ

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Previsão do tempo

Pela terceira vez consecutiva, sonhei (ou previ) uma cena bonita: Estávamos em Trindade, da forma mais epifânica possível, quando um indicador vislumbra tons de cinzas e azuis maleáveis e etéreos. Todos se abrigam e esticam timidamente mãos espalmadas para sentir o morno-frio das águas. No mesmo instante, eu e Peka pulamos e brincamos na areia, como quem necessita de livrar a alma há muito tempo. Leandro, Henrique e Vinicius gargalham; Roberta e Claysson sacodem rindo a cabeça; Thiago sorri com certo receio. Venham, estão perdendo ! Cês tão ensopadas, loucas, Por favor, Uhhhh...,
Um a um deixa a sacada, esvaziando o peso dos ombros, as complicações da cabeça, os fardos do coração, os não-sei-se-deveria. Deitam na areia, transformam-se em estrelas, dançam em roda, beijam-se ao mar. Como antes de nos conhecermos; como se a ausência de censura daquela hora fosse possível por nos conhecermos, por estarmos em nosso lugar.

Nasceu o filho do Supla


São Paulo- Nasceu na capital paulista, as 21:45 ( horario de brasília ) os filhos de Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy, o Supla. Eles tiveram parto normal, nasceram com 25cm e peso de 200 gramas.
" O papito esta muito feliz " - falou aacessora de imprenssa Juliane Gorjes. A mulher do artista pseudo-punk-filho-de-deputado - e- sexóloga, pediu segredo absoluto pelo seu nome.

domingo, 11 de novembro de 2007

Across the universe

Uma sucessão aparentemente desconectada marcou meu fim de semana: o aniversário do Gigante na Soperia na sexta e o filme Pleasentville assistido com a Peka em pleno sábado à noite. Realmente, como poderiam se relacionar e marcar uma pessoa já tatuada quase que da cabeça aos pés, mais especificamente, ao dedão encravado ?
Para explicar, preciso primeiro falar do que o filme ensina. A não se iludir com a balela de que algum tipo de ficção ou a vida alheia são ideais e melhores que a nossa, como seria a perfeita cidade de Pleasentville, do seriado assistido pelo protagonista solitário em sua casa estilhaçada de egoísmos. Concretização do sonho americano, Pleasentville é ordeira, pacata, quase fordista, pois se alguém deixar de cumprir sua função rotineira, desmorona a engrenagem cotidiana. Lá, predominam as variações de preto e não chove.
Como o preto aprisiona todas as outras cores em si, de alguma forma as pessoas iriam acabar mostrando e descobrindo seus sentimentos: fragilidades, medos, amores, paixões. A medida que se desvelam, os indivíduos se colorem. Lindas imagens são construídas, como as rosas da Alameda dos namorados e a escritura dos livros antes em branco ! As pessoas desnudam suas cores conforme mudam a mentalidade, se relativizam, se revigoram.
Contudo, o conservadorismo (na mesma nuance de preto) e a tradição tentam violentar a aquarela em que se transformou os sujeitos. Preconceitos, silêncios, interdições. Homens em preto destroem a arte, queimam livros e fecham bibliotecas, agridem pornograficamente mulheres coloridas, por terem descoberto a liberdade pelo prazer e pelo conhecimento.
E é neste ponto, no "pornograficamente", em que a sexta-feira se aproxima do sábado. Um amigo se vangloria de mais uma trepada e a mesa grita: "Guerreiro, comeu a coroa". A mesa esmaeceu naquele momento ou revelou que sua cor é a preta ? Onde foram parar as cores da mesa ?
Um domingo meio triste.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Queria mudar...

Tava a fim de algo diferente, uma nova casa, um amor sem sofrimentos (parece impossível né?), fugir pra algum lugar que não conheço, pra retornar depois ou talvez não... O problema pode estar em mim e não nas coisas e pessoas... Eu que posso estar fazendo o mundo ser tão chato e ele realmente nem ser. Mas, esses são dias estranhos de exaustão e preguiça... Dias em que deixar fluir o coração é tão mais fácil do que realmente agir com a cabeça... porque é tão fácil culpá-lo, foi esse porco, miserável, que só pensa em coisas profundas...se recusa a andar na superficie, arriscando pouco como eu desejo... é esse imundo que ofende minha moral, ignora minha retidão... Tá sendo tão dificil saber o que quer, o coração parece tão mais esperto do que eu... ele bate eu vou, ele descança eu me aquieto, as vezes ele sangra e eu rolo exausta na cama sem conseguir dormir...
A verdade é que eu queria mudar... mas, meu coração não quer... meu coração diz pra deixar assim, que é melhor deixar rolar a vida... os acontecimentos... ele diz que é pra eu deixar tudo "em suas mãos"... Essa força maior, meio que inconsciente, é ele batendo... dá pra ouvir daí?? Bate tão alto, chega a doer... Essa força grotesca é ele dizendo deixa assim, tá entregue, tá tombado... Agora você tá presa nessa armadilha criada em vc para vc...

"Por favor
não me aperte tanto assim
tenha cuidado, pega leve
olha onde pisa
isso é meu coração
meu ganha-pão
instrumento de trabalho,
meio de vida, profissão
meu arroz com feijão
meu passaportepara qualquer parte
para qualquer arte
não machuque esse meu coração
preciso dele
para me levar a Marte
sem sair do chão
não me aperte
não machuque
tome cuidado
eu vivo disso
poesia, sonhos
e outras canções
sem emoção
morro de fome
sinto muito
mas não há nada
que eu possa fazer
sem coração"
(Alice Ruiz)

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

sonho interrompido por guilhotina

ao seu lado, a mãe pensava em desanuviar a neblina em torno dos olhos do filho, mas não lhe disse nada. não se aflija, você fez o que devia ser feito(...)
ele apenas olhou nos olhos da mãe e imaginou ter ouvido algo. eu sei disso, mãe. o que me traz desconforto é a confusão que posso ter causado em certas mentes; a poesia sai de minha boca e altera todas as coisas, tira tudo de lugar. às vezes eu gostaria apenas de poder soar mais claro - ele respondeu ao que pensou ter ouvido.


joca reiners terron é um escritor da chamada novo geração, não sei o suficiente para concordar ou discordar disso, sei que das poucas coisas que lí dele e da oportunidade que tive de assistir a uma palestra dele no ccbb, parece-me saber o que tá fazendo.

sábado, 3 de novembro de 2007

Das boas novas do filho do Homem (segundo Saramago)

Depois da última página, fecho "O evangelho segundo Jesus Cristo" sem acabar de lê-lo, o que todo bom livro provoca em leitores apaixonados e solitários.
Se fosse uma mera versão que se impõe como verdade, tal qual estes best-sellers que afirmam provar a realeza de Maria Madalena e seu envolvimento óbvio com Jesus, o lado político-marxista do filho de deus, a busca da 'verdade' histórica, não teria sequer razão de existir. Mas o evangelho segundo Saramago não só existe, é.
A mãe Maria é emudecida pelo patriarcado judaico, a ponto de apenas levantar discretamente o vestido para dar mais um filho a José. Sem direito as pré-palavras dessas horas, ainda que ao dormir ouse, inconsientemente, aproximar-se do corpo do marido.
"Sem pronunciar palavra, José aproximou-se e afastou devagar o lençol que a cobria. Ela desviou os olhos, soergueu um pouco a parte inferior da túnica, mas só acabou de puxá-la para cima, à altura do ventre, quandp ele já se vinha debruçando e procedia do mesmo modo com sua p´ropria túnica, e maria, entretanto, abria as pernas, ou as tinha aberto durante o sonho e desta maneira as deixara ficar, fosse por inusitada indolência matinal ou pressentimento de mulher casada que conhece seus deveres. (...) Deus não pode ouvir o som agônico, como um estetor, que saiu da boca do varão no instante da crise, e menos ainda o levíssimo gemido que a mulher não foi capaz de reprimir. Apenas um minuto, ou nem tanto, repousou José sobre o corpo de Maria." (pg.19)

Maria, José e, por herança, Jesus, são sujeitos assolados pela culpa do egoísmo (quase oposta da culpa cristã) já que foram coniventes com o genocídio das crianças pelos romanos, do qual escapou o bebê Jesus, por José tê-lo escondido e não ter avisado aos outros pais da aldeia que lhes abrigou. José é atormentado por um sonho, que após sua crucificação é passado para Jesus.
Jesus sente-se culpado e culpa aos pais por sua vida depender da morte de tantos outros e , aos treze anos, sai de casa e torna-se ajudante de um misterioso pastor, que o acompanha durante a vida.
Jesus encontra-se com Deus, que lhe afirma ser seu pai e lhe impõe sua missão de tornar o Deus cristão superior aos outros. A partir daí, o conflito de Jesus se intensifica na negação de ser filho de Deus e exercer este poder pelo sangue, e na falta de arbítrio a que Deus o subjuga. Jesus pede que deus lhe contabilize as mortes em seu nome, e fica estarrecido com o preço a ser pago pelo reinado cristão. Como diz o Diabo, com quem Jesus concorda, " é preciso ser deus para gostar de tanto sangue".

Maria Madalena e Jesus tem um amor incondicional e a cena deste primeiro amor, certamente, é das mais belas já escritas em língua portuguesa. A inteligência alimenta o amor erótico e Madalena e Jesus são um só, renovando a idéia bíblica da palavra conhecimento, que tem o sentido de saber sexual. Graças ao conhecimento, a condição de ser filho de Deus provoca em Maria um sentimento de piedade e comoção, jamais de orgulho, como quem se acostuma diariamente com a saudade e a despedida.

Jesus é desenhado com as tintas da inteligência e da rudeza, da dualidade inerente à dúvida, um homem duplo em essência. Sacrifica-se para negar o poder de Deus, por isso, pede a Pilatos a placa INRI ( Iesus Nazarenus Rex Iodeorum). Até porque, como afirma Pilatos, à Roma não incomoda um rei de um Deus no qual eles não creem. Sendo rei dos Judeus, a cruz se justifica, as pedradas também, pois o povo lhe confiou outro reino, o do céus. Antes da morte derradeira, pois não há ressurreição, Jesus pede perdão por ter um Pai tão ganancioso a ponto de não saber o que faz.
Neste sentido, a figura de Jesus nesse livro é muito mais grandiosa do que a da Bíblia. Um homem que nega o poder de Deus em prol da humanidade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

BATAILLE

Claro está que o mundo é paródia pura, quer dizer, que toda coisa vista é paródia de outra, ou a mesma coisa mas com uma forma que decepciona.


Todos têm consciência de que a vida é paródica e uma interpretação lhe falta.

Por isso o chumbo é a paródia do ouro.

O ar é a paródia da água.

O cérebro é a paródia do equador.

O coito é a paródia do crime.

O ouro, a água, o equador ou o crime podem ser enunciados indiferentemente como o princípio das coisas.

Um sapato abandonado, um dente estragado, um nariz curto demais, o cozinheiro que cospe na comida dos patrões, estão para o amor como a bandeira está para a nacionalidade.

Um guarda-chuva, uma sexagenária, um seminarista, o cheiro de ovos podres, os olhos cegos de um juiz, são raízes por onde o amor se alimenta.

Um cão que devora um estômago de pato, uma mulher bêbada que vomita, um guarda-livros que soluça, um frasco de mostarda, representam a confusão que veicula o amor.


Um homem é provocado no meio de outros, ao saber por que não é nenhum dos outros.

Deitado no leito, ao pé de uma mulher que ele ama, esquece que não sabe a razão por que é ele mesmo, em vez do corpo em que toca.

Sofre, sem saber, com a escuridão da inteligência que o impede de gritar que ele mesmo é a mulher já esquecida da presença dele mas excitada no aperto dos seus braços.

O amor ou uma raiva de menino, a vaidade de uma velha da província, a pornografia clerical, o enorme diamante da cantora , fazem extraviar-se personagens esquecidas em casas cheias de pó.

Bem podem procurar-se avidamente umas às outras: só paródicas imagens conseguem lá ver, tão vazias como espelhos.


Esta mulher inerte e ausente, pendurada nos meus braços sem sonhar, não me é mais estranha do que a porta ou a janela por onde vejo e passo.

Quando adormeço, incapaz de amar aquilo que acontece, recupero a indiferença (que lhe permite deixar-me).

Nos meus braços é impossível que ela saiba quem encontra, pois fabrica, obstinada, um esquecimento total.

Os sistemas planetários a rodar no espaço, como discos cujo centro se desloca a toda velocidade para descrever um círculo infinitamente maior, afastam-se da posição que tinham para regressar a ela quando a rotação acaba.

O movimento é figura do amor, incapaz de estacionar neste ou naquele ser para passar, com rapidez, de um ser a outro.

E o esquecimento que vai condicioná-lo não é mais que subterfúgio da memória.

Fonte: BATAILLE, Georges. O Ânus Solar, Lisboa, Hiena Editora, 1985, pp. 19-25.


belíssimo texto....que não lí na íntegra...por enquanto...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

novembro

caminhar ao sol
até que seja norte
em infinito transe
e que meus pulsos sequem
...

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domingo, 28 de outubro de 2007

dizeres...

O amor nascia de luzes apagadas. Era quase dia e nada importava.

sábado, 27 de outubro de 2007

Não era pra ser triste... e sim bonito

Hoje fui pra cima de um prédio, já me joguei duas vezes e não morri
Hoje achei que a vida não tem sentido enquanto escutava um pout-porri
Hoje o dia demorou a passar...
Hoje eu queria algum tipo de recompensa por todas essas lágrimas
Nem que viesse de Deus, nm que viesse dos orixás
Hoje não fiz nada que preste...
Hoje eu tentei ter aconchego de pernas quentes
que no auge do prazer disseram resolver minha questão
O dia de mil sóis e luas ao infinito
Suspirou ao ver meu engano frequente, meu desengano suspenso
Mas, tem dias que são assim mesmo... não adianta fazer planos
Que tudo que você tenta mudar volta logo ao seu lugar
O destino age como uma faxineira caprichosa
arrumando a bagunça que você entende
Bastava mais um dia desses pra que todas as coisas que acredito fossem pelo ralo
Só mais um dia...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A sua casa já desmoronou no meio da sala?

- O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?
- Isso depende muito de para onde você quer ir...
- Não me importo muito para onde...
- Então não importa o caminho que você escolha.
- ... contanto que dê em algum lugar.
- Oh, você pode ter certeza que vai chegar, se você caminhar bastante.

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Hoje percebi que de alguma forma o diálogo acima mudou meu pensamento. Não sei o dia e a hora, mas depois que hoje, após os 25 anos de idade, me preocupo muito mais com as coisas.

O diálogo é simples e revelador. É tão óbvio que eu nunca iria pensar isso naturalmente.

Quem escolhe um caminho, vai chegar a algum lugar. Quem não escolhe o caminho, vai chegar também. Quem escolhe, terá decepções pelas coisas não vividas. Quem não escolhe, terá também. Quem escolhe, sabe o porquê de não ter vivido essas coisas. Quem não escolhe, não sabe.

Inúmeras outras diferenças também. Provavelmente, quem escolhe o caminho terá menos supresas do que quem escolheu. Ou não.

Gosto de pensar nessas coisas. Sem nenhuma responsabilidade, viajo nesse lance...

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"eu - eu - eunãoquerosaberoquesepassanasuacabeçaquandovocêestádançaaaaando"

O DNA do racismo

Não sou muito adepto do CRTL C + CRTL V, mas esse vale a pena. O original está em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u339406.shtml

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O DNA do racismo

James Watson, o co-descobridor da molécula de DNA e ganhador do Nobel de 1953, pisou na bola. Em Londres para a divulgação de seu novo livro "Avoid Boring People" (evite pessoas chatas ou evite chatear as pessoas), ele deu declarações escandalosamente racistas. Acho que nem o Borat ou qualquer outro comediante querendo troçar do politicamente correto teria ido tão longe.

Em entrevista ao jornal britânico "The Sunday Times", o laureado disse na semana passada que africanos são menos inteligentes do que ocidentais e que, por isso, era pessimista em relação ao futuro da África. "Todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles [dos negros] é igual à nossa, apesar de todos os testes dizerem que não", afirmou.

Até aqui, com muito boa vontade para com Watson, poderíamos argumentar que o venerando pesquisador procura apenas exercer sua liberdade acadêmica, afinal, se há mesmo evidências a mostrar que negros são menos inteligentes, ele poderia ter um ponto. Mas já na frase seguinte ele mostrou que seu raciocínio não era exatamente científico: "Pessoas que já lidaram com empregados negros não acreditam que isso [a igualdade de inteligência] seja verdade".

Watson cometeu aqui pelo menos dois grandes pecados epistemológicos --deixemos por ora a questão moral de lado. Falou em "todos os testes" sem dizer quais e fez uma generalização apressada. Eu já lidei com patrões e empregados brancos, negros, amarelos e pardos, com pessoas burras e inteligentes, e posso asseverar que todas as combinações são possíveis.

Como era previsível, a reação às declarações de Watson foram efusivas. Ele foi desconvidado para vários eventos e houve até quem procurasse nos estatutos da Fundação Nobel uma brecha legal para cassar-lhe o prêmio. O experiente cientista, agora com 79 anos, acabou escrevendo um artigo em que pediu desculpas a quem tenha ofendido.

Não há dúvida de que Watson, reincidente em matéria de opiniões preconceituosas, merecia censuras. Receio, porém, que alguns de seus críticos tenham recaído nos mesmos erros que ele, isto é, afirmar coisas que não podem provar e proceder a generalizações problemáticas.

Os testes a que o laureado se referiu são provavelmente as tabelas de Richard Herrnstein e Charles Murray publicadas em "The Bell Curve" (a curva do sino ou a curva normal), de 1994, um dos livros mais explosivos da década passada. A obra pretendia sustentar que a inteligência medida por testes de QI é um fator preditivo de indicadores sociais como salário, gravidez precoce e problemas com a Justiça melhor do que o nível socioeconômico da família. O texto também afirma que negros dos EUA têm em média um QI mais baixo do que o de outros grupos sociais como brancos, judeus, asiáticos.

Sobretudo na imprensa, circulou a versão de que os autores diziam que a inteligência é dada pelos genes, mas Herrnstein e Murray não foram tão longe em seu determinismo. Eles afirmaram que permanece em aberto o debate sobre se e quanto genes e ambiente influem nas diferenças de QI entre os grupos étnicos --o que representa mais ou menos o consenso científico sobre a matéria.

"The Bell Curve" foi competentemente criticado por grande parte do establishment acadêmico norte-americano. De um lado, vieram as objeções conceituais, encabeçadas por cientistas como Stephen Jay Gould, que contestaram a idéia de que a inteligência possa ser reduzida a um teste de QI. Fazê-lo implicaria aceitar uma série de pressupostos de engolir, como o de que uma noção tão complexa possa ser traduzida num único número e que ela permaneça invariável ao longo de toda a vida do indivíduo. Aqui, estudar não serviria para nada além de acumular informações, coisa que computadores fazem melhor do que seres humanos.

Um pouco mais tarde, uma segunda leva de trabalhos, iniciada por Michael Hout e colegas da Universidade de Berkley, mostrou que os próprios dados de Herrnstein e Murray apresentavam problemas metodológicos, que exageravam a importância dos testes de QI como fator preditivo e diminuíam a do background familiar.

O debate é apaixonante, mas eu receio que, da forma como foi travado, ele esconda o ponto central, que é o de mostrar por que o racismo é errado. E essa é muito mais uma questão moral do que científica.

A evidência empírica não favorece o argumento da igualdade entre os homens, pela simples razão de que eles não são iguais. E opor-se ao racismo não pode depender de uma ficção filosófica que começou a ser escrita por John Locke no século 17, ao criar o conceito de "tábula rasa", segundo o qual os homens nascem como uma folha em branco, e que todo o conhecimento que adquirem, bem como as diferenças que acabam por desenvolver, é fruto das condições externas a que são submetidos. Um rápido passeio pelos rudimentos da neurologia mostra que já nascemos, senão prontos, pelo menos com uma série de estruturas mentais pré-definidas. E elas têm muito em comum, mas em certos pontos variam significativamente de pessoa para pessoa. Embora Locke seja um dos pais espirituais do liberalismo, a "tábula rasa" fez carreira entre pensadores de esquerda do século 20. Por alguma razão obscura, em vez de defender que todos devem ter os mesmos direitos (o que já estaria de bom tamanho), resolveram que a igualdade deveria ser um dado da natureza, mesmo que isso contrariasse o senso comum e as observações diretas.

É engraçado como estamos dispostos a aceitar diferenças entre pessoas (fulano é mais inteligente do que ciclano), mas não entre grupos étnicos. Em relação a alguns assuntos, comportamo-nos como se filhos não se parecessem com seus pais, como se não houvesse algo chamado hereditariedade, que em algum grau é dada pelos genes, e contribui para a expressão das mais variadas características de uma pessoa.

Não fazemos objeção a um juízo do tipo: negros são em média mais altos do que japoneses, mas basta alguém sugerir que os asiáticos tenham uma inteligência média (definida por testes de QI) superior à do grupo de ascendência africana para desencadear uma revolução. O mesmo vale para as aptidões femininas para a matemática ou a predisposição masculina para a infidelidade conjugal.

Médias são um conceito traiçoeiro. Representam um valor obtido a partir resultados válidos para vários indivíduos, mas que não podem ser extrapolados a nenhum indivíduo em particular. Na média, a humanidade tem um testículos e um seio. Nossa experiência ensina que é perfeitamente possível encontrar um indivíduo negro mais inteligente (por teste de QI ou qualquer outro critério) do que um branco anglo-saxônico, judeu, coreano ou o que for. Se de fato há uma predisposição de origem genética para a inteligência, como parece que há, ela não chega, exceto em casos patológicos, constituir uma barreira intransponível ao sucesso intelectual de ninguém. A vantagem de uma pessoa mais favorecida pelos genes pode ser facilmente revertida por outras características como a disciplina no estudo, para citar um único exemplo.

O argumento contra o racismo, o sexismo e outras chagas que desde sempre atormentam a humanidade deve ser moral. De outra forma, se um dia inventarem um teste confiável para medir a inteligência e ele mostrar discrepâncias entre grupos, o que acontece? O racismo estará legitimado?

Por maiores que sejam as diferenças entre indivíduos e grupos de indivíduos, quer elas tenham origem nos genes ou no ambiente (ou numa interação entre eles, como parece mais provável), o fato é que é em princípio errado prejulgar alguém por características (reais ou supostas) que não observamos nessa pessoa, mas no grupo ao qual consideramos que ela pertence.

Podemos ir um pouco mais longe e afirmar que o homem tem uma estrutura psíquica que favorece atitudes etnocêntricas e mesmo racistas. Pensamos, afinal, através de operações mentais de categorização e generalização. Se um membro da tribo vizinha uma vez me atacou, é evolucionariamente útil que eu parta do pressuposto de que todos aqueles que pertencem àquela tribo inimiga tentarão me agredir e antecipe o ataque. Só que esse tipo de raciocínio, que fazia sentido no passado darwiniano, perdeu inteiramente a razão de ser em sociedades modernas. Se ele já foi útil para manter-nos vivos, hoje, a exemplo da capacidade de armazenar energia na forma de tecido adiposo, é apenas um estorvo. Serve para separar e fomentar violência. As forças da civilização exigem que abandonemos essa forma primitiva de pensar e utilizemos a razão e não reações instintivas no trato com outros seres humanos. É isso que Watson, mesmo com toda sua genialidade científica, não foi capaz de fazer.

Hélio Schwartsman, 42, é editorialista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha Online às quintas.

E-mail: helio@folhasp.com.br

meu,só meu

sei que sequei aquele caos em mim
aquele sangue que desenhava minhas vestes
desenhava também a mais pura armadilha do mundo
crio em dor fatiga e canta o amanha
meu coração pulsa
meu coração pulsa
meu coração pulsa
é um estampido forte
estremecendo meu corpo
embora quase morto, ainda treme
é de vento, é de alma, é de ar
todo o por vir que grita em minha alma
julgo o que ja é julgado por si
julgo o por si o que ja não é por si julgado
mas se julgado por todos, se tornas réu
sem dor, sem cor, sem amor
a paixão se deleita com o ódio
brincando com meus olhos ja lacrimejados
com o vento secando ao léu essa total falta
essa falta total
essa falta total
essa falta total
que não totaliza a mim
que não se torna eu
que por fim cai morta
no chão
amor

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Sugetões niver dos radicais...

Nosso blog irá completar um ano de vida no dia 31 de outubro... que será na quarta-feira. Eu sugiro imitando uma sugestão do Thiago.. hehe... que em comemoração nos fariamos uma re-postagem de textos que mais gostamos dos amigos e um nosso... o que acham?? posso começar a leitura e a pesquisa?? Bem... se tiverem outra sugestão deixem aí nos comentários... mas essa data fruto de uma noite proliferada em mesa de bar, não pode passar em branco...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

e os quebra-cabeças se encaixam

Assim que você pega na minha mão
Assim que você anota o meu número
Assim que as bebidas chegam
Assim que eles tocam sua música favorita
E a conversa perde a graça
E você para de falar que nem uma matraca
Antes de você se cansar
Volta e se concentra
As paredes se derretem
E o seu sorriso do gato de alice
Desfoca tudo ao seu redor
Você tem uma missão aqui
Antes da coruja piar
Antes do animal gritar
Pras câmeras de segurança
Antes do coma alcóolico

Antes de você fugir de mim
Antes de você se perder no barulho
A batida não para, não para
A batida não para, não para
Na verdade eu nunca consegui
Sempre fingi que consegui
Quem precisa de instrumentos?
Palavras são balas perdidas
Vem e deixa rolar
Vem e deixa rolar
Antes de você fugir de mim
Antes de você se perder no barulho
E pegar o microfone
E sair dançando, dançando, dançando...

Os quebra-cabeças se encaixam
E não há nada pra explicar
Vocês se olham quando se cruzam
Ela olha pra trás, você olha pra trás
E não só uma vez
E não só duas vezes
Faça o pesadelo sumir
Faça o pesadelo sumir
Há uma luz escondida em você
Há uma luz escondida em você
E os quebra-cabeças se encaixam

do album "in rainbows", o novo do radiohead.
sem mais palavras.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

half caeiro

se ele não se debater freneticamente como um epilético significa então que ele não esta cheio de pecado... se ele não lavar o rosto após sua cusparada, significa que está oferecendo a outra parte, e a outra parte é sempre melhor... se ele demonstrar alguma fraqueza, então, ande logo, não demore, espatife sua cara num muro salpicado... se estiver na dúvida entre a vida e a morte, não se faça de rogada, pegue a primeira estrada, corra e nunca olhe para trás... ofereça um banquete pro primeiro fariseu minimamente inteligente, isto é raro em nossos dias, alguém tolo o suficiente para nos ouvir numa noite medrosa... se disfarce com afinco, talvez eles te deixem escolher como, depois de tudo... teus sorrisos desperdiçados de tanta alegria em vão, teus olhos marcados e lindos, tudo em um movimento final, virando a esquina... abasteça o coro afinado dos amantes demorados e insatisfeitos, com dores no peito e sopro no coração e dentes cravados na carne...

O dia em que eu tomou conta de mim...

Hoje eu acordei sem coração
Pensei tô mau vou tocar o escambal
Coloquei a mão no peito duas vezes pra ver se ele batia
certificado de sua ausência, nem resmunguei, me coloquei logo na noite fria

Não precisei nem de beber
Pra dizer as coisas que te dizia
Falei verdades, cuspi na cara
e ainda dei um sorriso de ironia

Meu coração é muito mole, teve preguiça de acordar naquele dia
aproveitando dessa ausência
Pensei em fazer tudo que já não fazia
transei, pequei, fumei e nem lembrei de você
Como eu fazia todo dia

Ao acordar de manhãzinha a ressaca era grande
Meu coração voltando a bater doía muito mais do que antes
Minha alma, poesia, planos dando longas palpitações de vida
Retornavam junto com meu coração inconformado com os erros do dia passado
E como doía, realmente doía...

Preferia ter continuado sem coração
Preferia não ter acordado...

domingo, 21 de outubro de 2007

não estou...

Eu te contei mentiras que convenceriam o papa. Você nunca notou que nunca menti. Você apenas nadou no rio intransitável, braçadas para todos os lados. Sem botes salva vidas, sem botes salva vidas. Você quis demais de mim, nem para todo mal há cura. Eu me contentei em fingir mentir, eu me contentei com uma imensa chuva de fogos. A cachoeira reprimia teus gemidos, a cachoeira nunca foi verdadeiramente minha amiga, sempre quis me namorar. Sem amigos salva vidas, sem amigos salva vidas. Você apenas viu como eu ia e voltava ao inferno com minha guitarra mal tocada, apenas assistia confortavelmente com pipocas em seu sofá. Nunca foi fácil convencer o mundo a ser melhor, nunca foi fácil mentir pra você quando este coração estava em frangalhos. Sem caminhos alternativos de vida ou de morte, estaria melhor em outra, estaria melhor morto. Você andou de um lado para o outro, eu nem sabia que se tratava de uma estratégia de fuga. As portas sempre estiveram abertas, eu nunca menti olhando em seus olhos, esta sempre foi minha maior fraqueza, me desculpe ter dito a verdade.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

LEIAM

LEIAM

http://www.cocadaboa.com/2007/10/perdeu_preiboi.php

16/10

parabéns públicos para o vinicinhu...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Vi num blog uma "correntinha literária", e gostei da proposta, tratei de seguir as instruções. No fim, o resultado:
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

"A pequena cabeça sem corpo mexia-se lentamente e, de vez em quando, o bico deixava escapar um som triste e rouco".

(A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

Façam tbm... se quiserem nos comentários... hehe

sábado, 13 de outubro de 2007

Eu espero... acontecimentos

Esqueço de mim
Chega um tempo em que lembro de todos
Agrado os amigos, aprendo o trabalho, faço o dever de casa e esqueço de mim...
Tempo de absoluto caos!
Chega um tempo que aceito desculpas esfarrapadas,
pelo simples fatos de serem desculpas
E eu não ter que escutar as vozes do nada
Naquele tempo de pedir perdão toda vez que se altera o tom de voz
Instinto reprímivel da vontade de gritar...
perdão, perdão
Estes são tempos de profundo caos!
Na busca de se livrar do mal do século (a solidão)
Meu coração abriu canais de compreensão
Que aceita, que aceita
Ele não aprendeu, coitado
Que quanto mais artérias bombeando sangue, maior a chance da ruptura
Que quanto mais rápido ele bate, maior são os tempos de caos!

domingo, 7 de outubro de 2007

fragmentos dispersos anotados em vão

Era o que fazia mal e eu não sabia. Corria de um lado para outro apenas para distrair me do fato óbvio e intrigante de que eu já sabia o tempo todo: que sim, sim, eu senti falta em cada minuto que passava, transtornado e tolo, onde quer que estivesse. Mas então fazia mal e eu sabia? Nem sei o quanto vou. Estava o tempo todo cercado do que eu sabia não ter significado nem força, mas mantive me ali por tanto tempo. O mais difícil é apontar a direção, ter coragem e um bocado de sorte. Isso é difícil e talvez determinante.

Talvez mesmo fizesse sua cabeça pensar um pouco diferente, até que fosse pra não sermos mais nós mesmos. Ser nós mesmos é uma questão tão nebulosa e imprecisa. Não desafiemos tanto assim a ordem em nome de um verbo chulo.Desses que se deixam escapar numa reunião de inimigos públicos. Talvez mesmo eu fosse capaz de me transformar naquilo que possivelmente tu sempre quizeras que me transformasse, sem nunca no entanto ter sequer admitido isso pra si mesma.

É sempre uma questão de não se saber onde pode parar, todo sinal seguinte já é um grande ganho. Economiza-se em expectativas e em surpresas óbvias. Mas posso dizer agorinha e me arrepender na linha seguinte: pra mim chega, tive meu quinhão, dispenso a outra parte. E nem sei o que isto está sendo. Tenho pra onde ir, e pra quem ir, o que eu nunca procurei e esperei longe de você, de modo que não me resta fazer outra coisa se não ir.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

MENGÃO

MARACANÃ lotado...68 mil pessoas...incrível.
está entre as 10 coisas mais bonitas que já ví em minha vida.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Interesse público.

1. imagine o quanto não ganha o geriatra do Mick Jagger.
2. imagine quanto baseado Gabeira e Gil não fumaram juntos.
3. imagine por quantas tardes a bela continuou sendo bela.
4. imagine por quantas vezes o pálido do setembro não foi fantástico.
5. imagine a matéria prima da música do joy division.
6. imagine um pesadelo inspirado por uma outra realidade.
7. imagine o que você acha que é bom pra você.
8. imagine ver seu filho crescer.
9. imagine uma árvore de Van Gogh numa pintura de Dali.
0. imagine poder mexer numa fissura que partiu.

musicas litrusss

pra não sair da agenda dos radicais, depois de ter perdido um show do ludov, que vem oi rio uma vez de 200 em 200 anos.

http://www.pilastra.com.br/agenda/agenda.php

LUDOV

04/10 - Quinta
Teatro Odisséia
Festa Rock Baile!
a partir das 22h00
Av. Mem de Sá, 66, Lapa
R$ 28,00/ 20,00 com filipeta/ 14,00 (estudantes)
==

Festa Ultra Lovecats + Show da banda Pato Fu! Dias 7 e 9 de Setembro!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

camile

saca quando você acha uma coisa que te impusiona a passar os próximos dias ocupado ( digo aquela ocupação boa, decente, nada a ver com o trabalho que empobrece o homem) ?
achei essa menina, camile, espécie de bjork francesa, guardadas as devidas proporções.
tenho um cd dela chamado le fil que é simplesmente incrível.
ela era de uma banda francesa chamada nouvelle vague, e este é o seu terceiro album, eu acho.
reparem nas caras e bocas deliciosas que ela faz nesse clipe de ta douleur.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

un-logic

- mas calma aí. Num era manotrópio?

- era porra. Num é mais.

Nem adiantava pedir explicação. Conseguir entender estava fora de cogitação. Além do mais, ele digitava rápido como o cão. Muita angustia, muito cigarro, parecia um personagem recém saído do apocalipse. Sabíamos todas as funções dos destilados, embora minha especialidade fosse cachaça mesmo. Mas não era de cachaça que estávamos chapados. Essa é uma outra história, um dia conto. O filho da puta gostou do Kid A assim que lançaram, vai se fuder. Demorei quase três anos. Mas comigo é sempre assim, demorado e conflituoso. Agora sim chego no ponto, era essa porra que nos aproximava. Sabíamos que das ciências exatas só levamos o benefício da dúvida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

thiaguisse

Estava com os cigarros perto do fim. Estava perto do fim também, sabia. Perfilava na ante-sala, monótono, disperso. Mal reconhecia a origem do incômodo, de dentro, talvez, pensou. Desfilava desculpas e mentiras recém saídas do forno. Era preciso mentir e isso doía demais. Contratou os serviços daquele velho barraqueiro, quatros doses diárias daquela batida escrota de cacau. As duas pratas mais mal gastas de sua vida. Dores no estômago à noite. O velho, pensava pra si mesmo, devia ter uma espécie de pacto com o diabo. Adorava cortar cabelo, o próprio inclusive. Mas adorava mais ainda tê-lo, o cabelo, comprido. Entregara a alma ao coisa ruim em troca disso: poder cortar o próprio cabelo todo dia e ter todo dia o cabelo grande.

Um belo dia, ao descobrir minha simpatia para com as idéias comunistas, ameaçou não mais me servir as doses. “Tá brincando, seu velho punheteiro? Eu não posso ser comunista mas tu pode usar esse rabo de cavalo?”. Ele esquivou-se para trás, meio amedrontado e disse a todos os fregueses presentes em sua espelunca: “girem suas bebidas como se fossem brasas. Almas para o demônio. Ta pensando que eu morri?”.

sábado, 29 de setembro de 2007

freedom

musica que ouço indo pra labuta, sente:

Manic Street Preachers - Freedom Of Speech Won't Feed My Children

Liberty, sweet liberty
liberdade, doce liberdae

Charitable respectability
respeitosa caridade

Then pacifism killed us all
então o pacifismo matou a todos

For all the tourists on the Berlin wall
por todos os turistas n o muro de berlin

So we protest about human rights
então os protestamos sobre direitos humanos

Worship obesity as our birthright
cultuar obesidade e nosso direito

But freedom of speech won't feed my children
mas liberdade de expressão não alimenta minhas crianças

Just brings heart disease and bootleg clothing
so traz doenças do coraçãos e vicios alcolicos

Just brings heart disease and bootleg clothing
so traz doenças do coraçãos e vicios alcolicos


We love to kiss the Dalai Lama's ass
nós amamos beijar o traseiro de dalai lama

Because he is such a holy man
porque ele e iguaL a um homem sagrado

Free to eat and buy anything
livre pra comer e comprar qualquer coisa

Free to fuck from Paris to Beijing
livre pra fuder de paris a beijing

Little boys with dangerous toys
garotinhos com brinquedos perigosos

All bow down to the Beastie Boys
todos ansiosos pelos beastie boys

But freedom of speech won't feed my children
mas liberdade de expressão não alimenta minhas crianças

Just brings heart disease and bootleg clothing
so traz doenças do coraçãos e vicios alcolicos

Just brings heart disease and bootleg clothing
so traz doenças do coraçãos e vicios alcolicos

Royalty - hereditery - unelected and becalmed
realeza - hereditaria- desprovido e parado

Just like Stalin, just like Stalin
igual stalin,igual stalin

Human and useless
humano e imprestavel


Bomb the Chinese Embassy
bombardeando a embaixada chinesa

The west is free, oh the west is free
o oeste e livre, oh o oeste e livre

Laugh at the hammer and sickle
rindo da foice e do martelo

It is antique, oh it is antique
é antiquado, oh isso é antiquado

And see the love in Richard Gere's eyes
e veja o amor nos olhos de richard gere

JS Pemberton saved our lives
js pemberton salvou nossas vidas

But freedom of speech won't feed my children
mas liberdade de expressão não alimenta minhas crianças

Just brings heart disease and bootleg clothing
so traz doenças do coraçãos e vicios alcolicos

Just brings heart disease and bootleg clothing
Just brings heart disease and bootleg clothing
Just brings heart disease and bootleg clothing

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

terça-feira, 25 de setembro de 2007

moptop...

esta banda é bem legal...me faz lembrar a simplicidade sonora de strokes. mas tem uma pitadinha bem discreta de los hermanos.
eu curto as letras que obedecem aquele padrão clássico do rock, refrão/chorus/refrão. mas o camarada surpreende, fazendo belas letras nesse modelo às vezes bem castrador...particularidade que, modestia à parte, a garota de um determinado telhado também tinha.
segue trecho de uma delas:

O ROCK ACABOU

Está tudo bem, acho que sempre foi assim
Nada pra sentir, espero outro dia vir
Eu quero te ligar, eu quero algo pra beber
Algo pra encher, algo que me faça acreditar

Sempre ausente, me faz sorrir
Sempre distante, dorme aqui

Enquanto você se produz
Eu vejo o que não vê
Crescer para que?
Ser e esquecer
Eu corro contra a luz
Eu fujo sem entender
Vencer para que?
Ser e esquecer

O rock acabou, melhor ligar sua TV
Ela nunca está, ela nunca vai entender
Eu gosto da sua saia assim, vem deitar perto de mim
Verdade, eu não me importo, quero um amor que não sei mais sentir

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Os escritos mal acabados e sem ordem

leiam:

se te mostrasse o quarto onde fiquei preso todo esse tempo...não tinha porta, nada que impedisse minha fuga. de fato não tinha guardas. as telhas, acima, eram de um material muito frágil. as paredes mesmo, mal resistiriam à investidas mais violentas ou obstinadas de meus punhos. nelas, nas paredes, escrevi toda a minha história, e quando acabaram as tintas de todas as canetas, eu queimava o que sobrava e usava como carvão. todas as datas, nomes, crenças e mesquinharias, nada escapou. só que aos poucos, as paredes lotaram daqueles escritos mal acabados e sem ordem. restou-me o chão. até que comecei a escrever em mim mesmo, em meu próprio corpo. e depois, já sem ajuda de mais nada, comecei a escrever em minha memória. e alí eu poderia supor todo um salão gigantesco com toda seu imensidão de paredes e colunas e mesmo alí foram restando apenas brechas. foi quando comecei a me dar conta que mal estava deixando espaço para algo que pudesse vir a acontecer. e pra falar a verdade, sim, sou bem acostumado à ela, já consigo olhar fixamente praquela porta aberta e imaginar a hora de sair. deixo naquele imenso salão uma pequena coluna que se ergue até onde consigo alcançar, guardo um pedaço imaginário de carvão e uma vontade imensa de parar de me esconder.

Thiago Caeiro

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Uma vez você escreveu que a Garota do telhado era "uma tentativa de fazer as coisas valerem a pena"...todos achavam meio triste, mas eu sempre achei tão positivo...penso que nós é que devemos olhar pras coisas e pensar: "sim, isto vale a pena..."

E que cada um ache sua porta...

normal demais

Passei um bom tempo planejando não ser um cara normal
me distrai um pouco, e aqui estou, um cara normal
percebo o tempo voando desesperadamente
e venho tentando agora parar de me enganar

chamada...hoje no versus cotidiano.

Era meio estranho quando estava naquele cansaço triste advindo da consciência nítida de que não estava no lugar certo. A cada dia me via mais infeliz. E o que realmente me interessava era o desespero quieto, contido, que as pessoas mal demonstravam. Ficava naquele exercício medonho de contradição explícito: tentando adivinhar-lhes a cor e os sabores de conflitos imaginados. A menina que levou o cão querido ao veterinário sozinha mas encontrou a porta fechada por ser cedo demais, ela batia na porta com a urgência de quem quer colar um vaso quebrado de alguém importante. E o cachorro por estar sem coleira, e talvez por isso mesmo, recusava-se a entrar no carro. O cara do ônibus que entrou, pagou a passagem e sentou no meio como se o fizesse sem pensar. Talvez estivesse ali, um ano após um relacionamento longo com uma garota que amava muito, ainda tentando esquecê-la, torcendo para que a bonita menina nova que acaba de entrar no ônibus desse um novo rumo a sua existência curta mas dolorosa. A colegial esperando o transporte escolar buscá-la na mesma esquina de sempre, no mesmo horário de sempre, mas com a cabeça ocupada demais pensando na merda da menstruação que está atrasada e que, deus a livre, não queria nem pensar nisso, já pensou se estiver grávida? Tensão no pé batendo no chão e com a saia ameaçando levantar por conta daquela ventania que ela sabia querer trazer mudanças definitivas. O desgraçado do Alex que se recusa a usar a camisinha. A pequena Daiane fazendo dezesseis anos mas pensando apenas em como os 15 foram ótimos e o quanto vai ser difícil manter o ritmo. Não conseguira dormir a noite toda pensando nisso, e também na surpresa que ela adivinhava que iriam fazê-la por causa do murmurinho que acompanhou, fingindo não perceber, a semana toda.


texto na íntegra em: versus cotidiano

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

se tudo der certo, vamos nos odiar.

chame verdade, eu chamo vergonha. esse controle que tento me livrar está me determinando os passos vezes demais. aquele silêncio de olhos perigosos que flertam com o esquecimento, olhos tão doces. eu resisto com as espinhas já em frangalhos e tu não é nada disso que pensei. tem algo realmente estúpido aqui e me sinto uma criança respirando dífícil. eu realmete pensei que as coisas tivessem mudado nessa terra que da valor a mudança e ao sono de esquecimento.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Não sabia dele, não sabia dela...

Deitada no banheiro
ela escutava um rádio
E tudo ia pelo ralo
Agua, pele, suor e nauseas
Pelos eriçados

Ouviu de um hippie uma vez que "tudo ia dar certo"
lembra que sorriu de canto de boca e falou que tudo que queria era uma flauta, porque o mundo precisasse mais de flautistas a disposição para satisfazer os desejos de musica ao vivo
Se sentiam tão bem naquela noite sem estrelas
Achava tão lindo desperdiçar noites assim
A falar coisas que trazem sentido a esse mundo

Agora se enrola na toalha, sai pé ante pé molhando toda a sala
E no rádio notícias, notícias... as quais ela só ouve um certo murmurar
Murmuram palavras retilineas
Tomam o quarto, a casa
Tomam sua alma num doce penar

Por favor, me lembre, me lembre
Não deixe nunca eu me esquecer
o quanto é bonito tentar algo novo a cada dia
"Viver sem vergonha de ser feliz"
Pediu pro hippie naquela noite
Como se o amor durasse mais que uma estação...
Como se fosse tão simples...

domingo, 16 de setembro de 2007

diavolo mode

ando ultimamente pedindo bombas atomicas, coctéis molotov, revoluções instântaneas.
eis que deixo esse texto que achei no orkut:

"Lembre-se da verdade.
Da sua verdade.
você não quer ganhar o jogo. Você quer quebrar o tabuleiro.
Você não quer chegar até o fim. Você quer fazer barulho.
Você não quer amor. Você quer tudo.
Você não quer morrer. Você queria nunca ter existido.

Não somos a geração perdida. Somos a geração que perdeu."

sábado, 15 de setembro de 2007

Ah, preguiça de recomeçar. Às vezes sinto como se não tivesse mais forças pra tentar tudo novamente, novo emprego, novo amor. Em algum lugar lá dentro eu sei que há um gerador, não só de dor, mas, de vida, querendo funcionar. Ou precisando só de um empurrãozinho pra girar com força. Sim ele está lá, e eu me arrasto pelo chão frio e úmido, me perguntando qual seu combustível e se eu o tenho no bolso para quando me deparar com a máquina poder abastecê-la. Qual será?

velhos tempos novos


"Era 96 pra 97, o fundo era musical, e era um pouco, bem pouco mesmo, “de comecei uma piada”, mas também era de cheiro adolescente o suficiente, sem contar de um ainda indeciso mas já sendo descartado risco de vida, ou algo parecido. Musical por que sabíamos ali, ou sabíamos o mais próximo possível hoje o que gostaríamos muito de ser, ao menos. Confusão tranqüila, decidida e calma. Coragem ainda desconhecida e talvez a maior de todas.

Bem pouquinho depois já nos declarávamos, com alguma razão inclusive, felizes só na chuva, tendo ótimos dias verdes e apanhando todo dia da vida. Enquanto admirávamos o quão longe avançamos, dependíamos de uma boa defesa, dizendo que nunca é uma promessa. Dali para escolher as próprias palavras, domando-as inclusive, e fazê-las ter aquela nossa força nova foi um pulo. Até, talvez, tivesse alguma chance realmente, não vou saber, era uma sintonia única. Vínculo que aproxima mas afasta, fazendo dos pequenos erros já um sério e indesculpável erro. O que nos fez tão amigos agora investe contra nós, não devíamos deixar isso tão distante de nossos esforços mínimos.

O que já foi domado raramente se deixar domar de novo, assim como o fogo, ou seca ou é secado pela água. E a era do gelo vindoura, é fogo ou água que ganha? E se a geleira já passou e não levou sequer um piano em suas pequenas e insistentes ondas? E a verdade pedida pra ser dita tão incondicionalmente? Sabendo que se o mal não se fora ao menos se afastou? A distancias foram, sabe-se lá como, aproximando mais. As informações chegavam de todos os lados de modo que não se sabe direito, até hoje, de onde vieram.

As flores que chegaram erradas, as horas sempre novas, as histórias das cidades de “dê a preferência”. Conhecíamos as ruas, impregnadas de coisas desconhecidas. Mas a contramão também foi um caminho usado com freqüência. Hora aqui e hora ali. Um à sua própria mas familiar maneira. As ruas que prometiam uma violência que não acreditávamos.Os muros que ficamos em cima, registrados inclusive. A celebração do muro que não sabíamos derrubado ou levantado, mas celebração. Era um estranho rito.

Nesse ponto as divergências ainda eram apenas pequenas diferenças, algumas podendo até serem revertidas em acréscimo. De alguma maneira, sabedoria. Algumas coisas devem ser reconhecidas e essa é uma delas: vocês são dos meus melhores amigos. E nem eu serei capaz de acabar com isso."

Texto: thiago Caeiro / foto de arquivo

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Eu ia postar só uma parte,mas não tem como:

Noel Rosa - Feitio De Oração
Noel Rosa e vadicio

Quem acha
Vive se perdendo

Por isso agora vou me defendendo
Da dor tão cruel dessa saudade
Que por infelicidade
Meu pobre peito invade

Por isso agora
Lá na Penha vou mandar
Minha morena pra cantar
Com satisfação

E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba
Em feitio de oração

Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Cantar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia

Por isso agora
Lá na Penha vou mandar
Minha morena pra cantar
Com maior satisfação

E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba
Em feitio de oração

O samba na realidade
Não vem do morro nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce no coração

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

abandonado

Entro no ônibus, saio do avião
decolo no metrô, aterriso no destino
frascos, cigarros, preservativos
milhões de pessoas ao redor, e a mais vazia das sensações
ao chegar, decepção

decepcionado, abandonado
esmagado como um inseto no chão
decepcionado e abandonado

pernas e braços insistem em crescer
cheiros, flores e a chuva
mas não seja um sentimental, não seja um babaca
você sabe com quem você anda, ao menos deveria
relacionamentos instáveis e partidos
e nunca saber aonde ir

decepcionado, abandonado
esmagado como um inseto no chão

mas um dia
hão de me crescer enormes asas
numa absurda reação química
histérica e inútil
histérica e inútil

decepcionado, abandonado
esmagado como um inseto no chão

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plágio muito mal-feito de Let down, do Radiohead

Trindade

O primeiro dia de mais um pós-Trindade revelou-se diferente logo nos primeiros raios de sol que decidiram me acordar. Sorrisos fáceis e pensamentos tranqüilos insistiam em me acompanhar, mesmo nas coisas mais burocráticas. A sensação era de que, mais uma vez, eu mudara.

O mar me surpreendeu com suas notas, e percebi o óbvio, que apesar das ondas confusas quebrando na praia, podia-se ver no horizonte uma tranqüilidade enorme, infinita em meu olhar. O céu, eterno objeto de desejo em meu cotidiano, mais uma vez cumpria seu papel, com o Cruzeiro iluminando pensamentos e meteoritos alimentando sonhos absurdos. E desta vez outros também viram as estrelas cadentes...

A esfera de nenhum compromisso, nenhum dilema, das escolhas fáceis e óbvias é o que mais me agrada. Na primeira vez que fomos lá foi incrível, me senti o maior dos vagabundos, completamente despreocupado com tudo. Desta vez, tivemos mais decisões a tomar, como: ir pra praia às 8 ou às 10h?

Segunda-feira, tudo começa. Carros, sons desagradáveis, notícias sensacionalistas, religião, novela e fofoca. Jogos patéticos em que me envolvo, atitudes falsas a cumprir. Erros infantis de minha parte, como a cereja do bolo. Um foda-se imaginário bastaria, mas hoje nem disso preciso mais. Só quero as lembranças, do céu e do mar.

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Aos amigos, deixo um agradecimento pela companhia, pelo café, pelas piadas, pelo cantar, pelo convite e tudo mais.

apóstolos, a série (de andré dahmer) e outras heresias...

jesus- coé, tiago. viaja nos trabalhos que fiz em bambu e epóxi...

tiago- mas senhor, você é jesus, o predestinado! não pega bem para o filho do pai ficar sentado no chão de uma rodoviária imunda vendendo artesanato... isso é loucura, mestre.

jesus- trabalhar em escritório também é, tiago.

outra.

seguinte: eu e fábio na sala de sua casa, assistindo o jogo do mengão, e a mãe dele reclamando da barba dele, que está muito grande.

- fabinho, corta essa barba, tá tão feio...fica com aspecto sujo.

eu e ele quase morrendo de rir...fábio diz então:

- jesus era barbudão e a mãe dele não reclamava...

mais risos...no que a mãe dele responde:

-tu tava lá pra saber se ela não reclamou? ele era porquinho pra caramba.

quase desmaiamos de rir nessa hora...fábio disse por último:

- tu sabe de quem tá falando? tá falando do filho de deus....

cara...fiquei com dores abdominais de tanto rir, tive caimbras nas bochechas...

ao som do novo cd de polly jean harvey (fodasso)

aviões de guerra preenchiam aquele meu céu imaginado, transgredindo e distorcendo realidades improváveis. sinos tocavam e sugeriam a origem do transe coletivo, a obediência cega e irredutível das mascaras coladas às faces. estrondos avisavam aos descuidados a iminência do desastre, correria para todos os lados. gente que não respeita gente filando as últimas amostras de esperanças, corrompendo tudo com ganância e dinheiro. o asfalto da cidade parecia envelhecer, enrugando-se todo e criando grandes estrias nas ruas. as casas não resistiam às investidas incansáveis e inúmeras e desconhecidas. alguns amores revelaram suas verdadeiras faces, fazendo troça de seu real significado, dispondo-se, em troca de segurança, aos primeiros salvadores que por ventura chegassem. mas não chegariam. os vidros picados, pontiagudos e cortantes já se espalhavam e substituíam o chão, pouso certeiro dos que se atreviam em andar. tudo mudou de repente, tudo se tornou mais desastroso, tudo conspirou para as mudanças: eu fiquei parado esperando a música terminar, aquilo sim era importante.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

um tratamento bom, um tratamento ruim

ela me disse que eu era um menino difícil, com o olhar intraduzível. não pensava sobre. e sempre tinha o sobre para ser pensado. ela era a menina das córneas douradas. chorava pedras de ouro. e gritava “puta que pariu” com muita freqüência. era assim sempre que possível, um tratamento bom, um tratamento ruim. “não diferente da vida”, ela me disse uma vez. experimente ouvir com os olhos fechados. você é tão limitado, ela dizia. então foi que me arrisquei do alto de um precipício, não imaginava que iria doer tanto perdê-la. pois bem, sempre um tratamento ruim e um outro bom, mas pra falar a verdade, nunca o suficiente. queria encarar a morte ao invés disso.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

hoooomeeeeee

Disco novo do Radiohead já está pronto

O guitarrista do Radiohead foi o portador da boa nova: a banda finalmente acabou de trabalhar em seu sétimo álbum, o sucessor de Hail to the Thief, de 2003.

Jonny Greenwood deu a notícia dizendo estar aliviado por ter acabado de gravar. A única pendência, que não é nada simples, é encontrar uma gravadora para distribuir o disco, já que o contrato com a EMI não foi renovado depois do lançamento de Hail to the Thief.

Enquanto isso, o guitarrista está preparando a apresentação que fará de sua composição clássica em Nova York no início do ano que vem. Intitulada Popcorn Superhet Receiver, a obra será apresentada na igreja St. Paul the Apostle. A peça de 20 minutos, vencedora de um prêmio dado pela BBC em 2006, será apresentada com uma orquestra de cordas.

Fonte: Omelete