velhos tempos novos
"Era 96 pra 97, o fundo era musical, e era um pouco, bem pouco mesmo, “de comecei uma piada”, mas também era de cheiro adolescente o suficiente, sem contar de um ainda indeciso mas já sendo descartado risco de vida, ou algo parecido. Musical por que sabíamos ali, ou sabíamos o mais próximo possível hoje o que gostaríamos muito de ser, ao menos. Confusão tranqüila, decidida e calma. Coragem ainda desconhecida e talvez a maior de todas.
Bem pouquinho depois já nos declarávamos, com alguma razão inclusive, felizes só na chuva, tendo ótimos dias verdes e apanhando todo dia da vida. Enquanto admirávamos o quão longe avançamos, dependíamos de uma boa defesa, dizendo que nunca é uma promessa. Dali para escolher as próprias palavras, domando-as inclusive, e fazê-las ter aquela nossa força nova foi um pulo. Até, talvez, tivesse alguma chance realmente, não vou saber, era uma sintonia única. Vínculo que aproxima mas afasta, fazendo dos pequenos erros já um sério e indesculpável erro. O que nos fez tão amigos agora investe contra nós, não devíamos deixar isso tão distante de nossos esforços mínimos.
O que já foi domado raramente se deixar domar de novo, assim como o fogo, ou seca ou é secado pela água. E a era do gelo vindoura, é fogo ou água que ganha? E se a geleira já passou e não levou sequer um piano em suas pequenas e insistentes ondas? E a verdade pedida pra ser dita tão incondicionalmente? Sabendo que se o mal não se fora ao menos se afastou? A distancias foram, sabe-se lá como, aproximando mais. As informações chegavam de todos os lados de modo que não se sabe direito, até hoje, de onde vieram.
As flores que chegaram erradas, as horas sempre novas, as histórias das cidades de “dê a preferência”. Conhecíamos as ruas, impregnadas de coisas desconhecidas. Mas a contramão também foi um caminho usado com freqüência. Hora aqui e hora ali. Um à sua própria mas familiar maneira. As ruas que prometiam uma violência que não acreditávamos.Os muros que ficamos em cima, registrados inclusive. A celebração do muro que não sabíamos derrubado ou levantado, mas celebração. Era um estranho rito.
Nesse ponto as divergências ainda eram apenas pequenas diferenças, algumas podendo até serem revertidas em acréscimo. De alguma maneira, sabedoria. Algumas coisas devem ser reconhecidas e essa é uma delas: vocês são dos meus melhores amigos. E nem eu serei capaz de acabar com isso."
Texto: thiago Caeiro / foto de arquivo
Um comentário:
será que as diferenças realmente crescem, ou somente a percepção delas?
me sinto às vezes tão tolo quanto do alto dos meus 16 anos, onde o mundo parecia começar a acabar
Postar um comentário