"Os Improváveis"
Acabava de fazer um cálculo para confirmar uma conta do computador, embora nem fosse perfeccionista, gostava de levar um trabalho importante pra frente só com certeza de ter feito corretamente. O telefone toca, atendo enquanto levo o cd ao computador para gravar o trabalho, era Duda, dizendo-me da reunião da banda que seria lá em casa, na qual ela diria que estava dando o fora, e se eu não podia trazer um vinho para tomarmos depois que ela estivesse arrasada. Era curiosa a relação emocional que ela tinha com tudo aquilo, depositara muito de si naquelas letras angustiadas de adolescente sabida. O curioso era que agora não se sentia mais assim. Queria ser aquela garota até o fim, mas querer ser aquela garota já era um esforço que descaracterizava o mérito. Precisava dizer-lhes isso. Na cara. Como aquela garota faria caso crescesse. Não sabia ao certo o que dizer. Sabia que se machucaria e depois ficaria arrasada. Sabia que era inevitável. Os amigos da banda, na verdade apenas próximos como bons amigos deveriam ser, eram os dois rapazes esquisitos e as duas meninas bonitas. Chamavam-se “Os Improváveis”. Ela gostava muito do que chamava de influência sombria do som de Seatle, referindo-se ao som do nirvana misturado com o do Jimi Hendrix, mas que parecia mesmo com um Joy Division mais pesado. Assim que o back up é feito, levanto da minha mesa de trabalho, desço o prédio, ando na rua mais movimentada daquela cidade frenética, nem me reconhecia mais, entro na primeira loja e compro o vinho mais caro que a minha carteira podia comprar.
Já podia sentir seus olhos tristes abaixando enquanto confessava dores insuspeitas para mim, não queria ser abraçada enquanto dissesse, ela dizia que aquilo a continha e que era importante que a correnteza seguisse seu fluxo mais de descontrole que de razão. Expulsava tudo que a incomodasse, aquilo às vezes era uma sinceridade algo desconcertante. Mas acostumara-me à verdade desde cedo. Ela sentia uma espécie de culpa por não mais se sentir sincera com eles da banda. Dizia-me que algo nela mudara, embora não conseguisse ainda determinar, e aquilo que acabara de crescer, ou diminuir nela, agora era incompatível. Sentia-se, na verdade, mais improvável que nunca, era quase impossível.
Já podia sentir seus olhos tristes abaixando enquanto confessava dores insuspeitas para mim, não queria ser abraçada enquanto dissesse, ela dizia que aquilo a continha e que era importante que a correnteza seguisse seu fluxo mais de descontrole que de razão. Expulsava tudo que a incomodasse, aquilo às vezes era uma sinceridade algo desconcertante. Mas acostumara-me à verdade desde cedo. Ela sentia uma espécie de culpa por não mais se sentir sincera com eles da banda. Dizia-me que algo nela mudara, embora não conseguisse ainda determinar, e aquilo que acabara de crescer, ou diminuir nela, agora era incompatível. Sentia-se, na verdade, mais improvável que nunca, era quase impossível.
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