ao som do novo cd de polly jean harvey (fodasso)
aviões de guerra preenchiam aquele meu céu imaginado, transgredindo e distorcendo realidades improváveis. sinos tocavam e sugeriam a origem do transe coletivo, a obediência cega e irredutível das mascaras coladas às faces. estrondos avisavam aos descuidados a iminência do desastre, correria para todos os lados. gente que não respeita gente filando as últimas amostras de esperanças, corrompendo tudo com ganância e dinheiro. o asfalto da cidade parecia envelhecer, enrugando-se todo e criando grandes estrias nas ruas. as casas não resistiam às investidas incansáveis e inúmeras e desconhecidas. alguns amores revelaram suas verdadeiras faces, fazendo troça de seu real significado, dispondo-se, em troca de segurança, aos primeiros salvadores que por ventura chegassem. mas não chegariam. os vidros picados, pontiagudos e cortantes já se espalhavam e substituíam o chão, pouso certeiro dos que se atreviam em andar. tudo mudou de repente, tudo se tornou mais desastroso, tudo conspirou para as mudanças: eu fiquei parado esperando a música terminar, aquilo sim era importante.
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