domingo, 11 de novembro de 2007

Across the universe

Uma sucessão aparentemente desconectada marcou meu fim de semana: o aniversário do Gigante na Soperia na sexta e o filme Pleasentville assistido com a Peka em pleno sábado à noite. Realmente, como poderiam se relacionar e marcar uma pessoa já tatuada quase que da cabeça aos pés, mais especificamente, ao dedão encravado ?
Para explicar, preciso primeiro falar do que o filme ensina. A não se iludir com a balela de que algum tipo de ficção ou a vida alheia são ideais e melhores que a nossa, como seria a perfeita cidade de Pleasentville, do seriado assistido pelo protagonista solitário em sua casa estilhaçada de egoísmos. Concretização do sonho americano, Pleasentville é ordeira, pacata, quase fordista, pois se alguém deixar de cumprir sua função rotineira, desmorona a engrenagem cotidiana. Lá, predominam as variações de preto e não chove.
Como o preto aprisiona todas as outras cores em si, de alguma forma as pessoas iriam acabar mostrando e descobrindo seus sentimentos: fragilidades, medos, amores, paixões. A medida que se desvelam, os indivíduos se colorem. Lindas imagens são construídas, como as rosas da Alameda dos namorados e a escritura dos livros antes em branco ! As pessoas desnudam suas cores conforme mudam a mentalidade, se relativizam, se revigoram.
Contudo, o conservadorismo (na mesma nuance de preto) e a tradição tentam violentar a aquarela em que se transformou os sujeitos. Preconceitos, silêncios, interdições. Homens em preto destroem a arte, queimam livros e fecham bibliotecas, agridem pornograficamente mulheres coloridas, por terem descoberto a liberdade pelo prazer e pelo conhecimento.
E é neste ponto, no "pornograficamente", em que a sexta-feira se aproxima do sábado. Um amigo se vangloria de mais uma trepada e a mesa grita: "Guerreiro, comeu a coroa". A mesa esmaeceu naquele momento ou revelou que sua cor é a preta ? Onde foram parar as cores da mesa ?
Um domingo meio triste.

5 comentários:

caeiro disse...

caraca...olha o que você tirou daquela noite bacana. gostei do texto, nuance estranha, direta mas decente. acho que foi seu melhor texto nessa loia. (inventei essa palavra agora).

Unknown disse...

Consegui ser mais pessimista que você huahauhauhau !
Quer dizer, gostei da noite também e não me isento de estar descolorida (ou com excesso de cores). Como você inventou loia ?

Unknown disse...

Acho que meu texto é meio ensaio, meio crônica, é o gênero que gosto mais de escrever, mas tenho medo de constranger as pessoas.

Anônimo disse...

so sei q a coisa ficou preta pra coroa nakele dia, ou ela viu tudo colorido novamente??
gigante

Athena disse...

Não sei