quarta-feira, 14 de março de 2007

decidi que ficaria na dúvida

No meu caminho habitual, tristeza e alegria caminham juntas. A tristeza com o polegar e o indicador a retirar o aperto da calcinha na bunda, a alegria perdendo o ônibus e ameaçando uma corridinha de desesperados acenos. Na loja habitual, 10 tv’s passando o que há de mais habitual na programação diária, começo de noite e um vendedor ambulante. “Quero um controle remoto universal”. “15 real”. Passo, disfarçado de intelectual, jornal na mão, testa suada de preocupação e cabeça nas nuvens, e com o meu novo brinquedo desligo as 10 tv’s. Vou pra casa mais feliz que quando conheci o dry martine.
O chato é abrir o portão tetânico, entrar na vila e lembrar que detesto esquentar o arroz e fritar a carne. O resto é conseqüência.
Fosse a cicatriz do lado de fora e eu poderia supor o aparelho cortante. É sem sucesso que esgueiro por este terreno, é movediço o meu chão e pantanoso o caminho. Autoconhecimento é auto-enganamento, e cada um tem o que merece.


trecho de minha novela "decidi que ficaria na dúvida".

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