Trindade recupera meu abandono (ou, de quando ainda era, e podia ser, criança)
Um monge descabelado me disse no caminho: "Eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução. Minha idéia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam(...) o abandono pode ser também uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro.Continuou: digamos a palavra AMOR. A palavra amor está quase vazia. Não tem ninguém dentro dela. Queria construir uma ruína para a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo" E o monge se calou descabelado.
trecho de uma poesia de Manuel de Barros, o maior poeta brasileiro.
acho que ele encorpora o sentido que Trindade tem pra mim.
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
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