sábado, 6 de janeiro de 2007

quanto sobra? ou, de quando eu nem sei bem...

sabe... essa coisa de novo ano, de demonstrações de um novo otimismo, esses ciclos vitais que só se fecham com a morte... sei lá... será que realmente faz sentido?
de quantas vidas já me senti saído, quantas mortes penso que já morri, quantos pesos pus e tirei das costas... me parece que sempre que alguém parte eu morro um pouco, sendo que, curiosamente, quem mais mantem as pessoas em estado de partida sou eu mesmo... economiza-se em despedidas...
quanto sobra é uma pergunta difícil e indelicada, mas assombra a cabeça à noite...
quanto sobra?
o souveniur não devolvido, a frase nunca dita guardada à sete chaves?
o rosto mais cansado e distante? ou nem isso?
do que serei capaz de lembrar no último instante? dos drinks, das drogas, dos amores, dos maias, dos medos, do que nunca,de fato, aconteceu?
serei mais um realmente a passar ignoto por um volume de acontecemintos e deles guardar tão pouco?
ano novo que vem... a mesma merda de pensamentos, a mesma obrigação idiota de fazer planos novos como se desta vez fosse pra valer, e claro, dizer a todos em alto e bom som, pois senão, eles não têm graça. a mesma obrigação de ser/estar/parecer feliz para a comunidade de felizes mentirosos (não necessáriamente nessa ordem)...
novo ano que vem, o que tinha de ser novo era o passado... sim, o passado deveria ser passado à limpo... ser limpo das voltas mal resolvidas, dos mal intendidos, e até, se não for pedir demais, dessa obrigação de continuar sendo intocável...

Um comentário:

peka disse...

Intocável... Se as frases são ditas a esmo perdem a sua importância. Porém, quando elas querem sair e guardamo-as sufocadas, nos fazem mal, além de perdemos belos momentos ou momentos de libertação. Elas estão aí para ser ditas e divididas com cautela!
Não adianta ter algo intocável nas palavras, se este mesmo algo dominar seu corpo e mente...
Livre-se dos fardos.
Porém...
"Tem palavra
que não é de dizer
nem por bem
nem por mal
tem palavra
que não se conta
nem prum animal
tem palavra
louca pra ser dita
feia bonita
e não se fala
tem palavra
pra quem não diz
pra quem não cala
pra quem tem palavra
tem palavra
que a gente tem
e na hora H
falta"
(Alice Ruiz"