domingo, 10 de junho de 2007

No meio do caminho deste radical ...

Não sou poeta, sequer possuo habilidade para outras literaturas. Já li tanta coisa magnífica, que é melhor permanecer quietinha. Tenho vocação para a leitura! Esqueçam as bobagens publicadas aqui antes. Portanto, tudo o que eu escrever a partir de agora, só se constituirá numa partilha das coisas que ofuscam a minha visão. Nem possuo a pretensão de dizer que gostaria de ter escrito aquilo que postarei.
Comecemos pelo injustiçado Bilac. Este é um dos poemas mais belos e realistas sobre a vida e o amor. O soneto depois inspirou Drummond a escrever "No meio do caminho tinha uma pedra", que tematicamente é irmão do de Bilac, apesar da estética deste soneto conseguir ser mais simplória e, por isso, elaborada, porque não ambiciona inovações e vanguardismo. Chega : "Outro valor mais alto se alevanta":

Nel mezzo del Camim
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha.
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada,
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

Um comentário:

Athena disse...

Por favor, leiam os dois quartetos e os dois tercetos. Dividi assim, mas esta bosta desta tecnologia junto tudo na hora da postagem.