quinta-feira, 14 de junho de 2007

Água Viva

"Então sonhei uma coisa que vou tentar reproduzir. Trata-se de um filme a que eu assistia. Tinha um homem que imitava artista de cinema. E tudo o que esse homem fazia era por sua vez imitado por outros e outros. Qualquer gesto. E havia a propaganda de uma bebida chamada Zerbino. O homem pegava a Zerbino e levava-a à boca. Então todos pegavam uma garrafa de zerbino e levavam-na à boca. No meio o homem que imitava artista de cinema dizia: "este é um filme de propaganda de Zerbino e Zerbino na verdade não presta". Mas, não era o final. O homem retomava a bebida e bebia. E assim faziam todos: era fatal. Zerbino era uma instituição mais forte que o homem. É um filme de pessoas automáticas que sabem aguda e gravemente que são automáticas e que não há escapatória".
(Clarice Lispector)
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Será que há escapatórias? Instituições que correm nas veias, em programas de TV, políticas, Ideais consumistas ou demais fundamentalistas ideais sociais (fodam-se os ais, ismos e os istas é lógico) que criamos, que não se sabem certos ou errados, mas aceitamos como se fosse... como se é... sempre.

Um comentário:

Anônimo disse...

se fosse descrever seu raciocínio e posição crítica,
teria que pensar mais do que escrever,
agir dando práxis ao pensar,
e realidade à nossa utopia!

vc é a hegemonia anti-hegemônica.
e isso me cheira bem

imagino que seu perfume
ao pescoço cheire melhor ainda.
adorei seus posts.
vc tem boa ótica,
é plural porém focada.
bjs