domingo, 3 de junho de 2007

As vezes Ana sonha desabar...

Um feixe de luz batia nos seus olhos, e
eles se mexiam por dentro da carne... não
acordava!
Gritaram seu nome na porta... e ela dentro
de seus sonhos escutava seu nome... mas
pensava ser o nome de outra pessoa. Que
gente chata que só sabe chamar por Ana...
Todo dia chamam Ana, Ana... e não percebem
que Ana já se foi, aqui só restou eu. E eu não atendo.
Ah, que saudades tenho de Ana quando
atendia a porta... e
sempre abria as janelas, o sol entrava por
inteiro, alguma poluição adentrava
junto... Mas Ana nem via.
Agora só permito essa metade funebre, esse
feixe horrendo que não esquenta os pés,
atinge diretamente os olhos...
Dormiu na metade umida da casa e não sonhou sonhos... só realidades...
o sol, os gritos na porta e a umidade... tão velha quanto ela.
Que saudades de Ana, do sorriso de Ana, da janela aberta de Ana...
Seus pensamentos diziam: só restou eu, eu, o que faço sem Ana?
Abriu os olhos, tocou seu corpo... alivio extremo de felicidade, ainda era Ana...
uma beleza insana de ser Ana, levantou num salto, abriu as janelas e ligou musica alta...