domingo, 29 de abril de 2007

Martha esconde uma lágrima...

- É essa tua mania... de ficar retrocedendo ameaças impostas, esse medo do terror, de errar... tu deixou pra trás metade do que tinha de bom nessa tua cruzada de se tornar melhor...
(o ritmo dela ia me levando a insuspeitas possibilidades de entrega, ia rachando muros intransigentes construidos com muito esforço).
- Para de ficar reflexionando passados possíveis. para! não vês? tu não foi melhorando, foi deixando pra trás o que importava... Não baixa essa porra de olhar! Me encare! Fale que não gosta quando falo assim contigo.
(Se tinha verdade naquelas coisas, não era a toa o barco estar naufragado, não era em vão a correnteza ter desistido de me levar).
- Porra Julio! olha... livre-se... merda, pra que esses baseados se tu não se deixa levar? qual o teu problema? levanta os olhos porra! esse teu olhar, tu não suspeita o cativeiro que foi...
(Nem me deixava pensar além de seu fluxo violento de palavras doces... Era ela alí dizendo tudo... Mas o que me importava era o fim do mundo que se avizinhava quando de sua partida...)

"Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és"...
(Caetano)

(Texto de Caeiro... com intromissões da Peka...)

2 comentários:

peka disse...

Queria escrever como você... Queria falar como você... Queria sentir como você... Invejo-te! Um doce invejar que me faz ficar ao seu lado... Sou um Caeiro falido!!! hehe.

caeiro disse...

o título, o complemento, a forma e o próprio comentário, elevaram esse texto a algo realmente bacana. agora, pensando cá com meus botões(ontem usei uma camisa de)nem sei de quem foi o mérito. o texto é um mero detalhe.