quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

conto de carnaval... ou, sobre como conheci isadora.

ela transava drogas, o que somado aos seus ganhos como prostituta, lhe garantia uma confortável e independente existência. não era comum, decerto. sua aparência algo exótica confirma. uma mulata de olhos meio puxados e completamente displicentes. a tudo olha e a nada se prende. eu, esquálido, algo deprimido por não ter suficientemente lhe contestado a primazia da experiência, a acompalha-la num bloco de carnaval pelas ruas de santa tereza. esforçando-me para alcançar a tão necessária recíproca, professor iniciante, virgem contestado, via-a alí, rindo a valer, gostando da minha compania. não conheço suficientemente as pessoas, menos ainda as mulheres, nada dela. mas sabia, alí do meu lado, pouco dinheiro, pálido, a imagem do deslocamento, ela estava se divertindo.
guiava-me pelas mãos pelas ladeiras com tal desenvoltura, que parecia mesmo com aquela a forçar a entrega na hora da nudez terrível, dona da situação. se acreditara ou não na balela da minha virgindade, não sei, mas foi com ternura que se aventurou em mais um terreno movediço. não exitou em me dar seu colo gasto para decansar minha última febre.
ela pareceu dormir. "minha rainha destronada." seus olhinhos ainda mais apertados pelo efeito do terceiro baseado se abriram, foi um véu que se abriu. uma interrogação formou-se em sua boca. "quantas rainhas destronadas não foste?" foi minha maneira de corrigir e reparar um momento de entrega que não tivera até então.
e, por aquelas ruas coloridas e barulhentas, passava alguém curvado sobre os próprios pensamentos.

Nenhum comentário: